Sunday, May 11, 2014

POR CAUSA DO MALDITO DINHEIRO


Já tem alguns anos que o maldito ricaço me enche a bunda de tapas uma vez por semana, exceto quando ele viaja, o que felizmente acontece dois ou três vezes por ano, porque ele gosta de se divertir e tem dinheiro bastante para isso. Mesmo assim são nove ou dez meses por ano que ele estala forte e muito forte a mão pesada dele no meu rabo. Ele não gosta que eu use essas palavras. Prefere que eu fale palmadas e bumbum, como se eu fosse criança. Eu falo quando estou com ele e porque ele me paga, mas agora eu não estou com ele e nem sendo paga, então que o ricaço se foda!

Eu tenho que admitir que a primeira vez que apanhei na bunda foi por minha culpa. Eu era uma moça boba quando fui trabalhar lá na mansão dele. Homem de meia idade, com um bigode um pouco grisalho mas só um pouco, meio careca, de óculos, mas ainda assim muito bonito. Depois eu soube que ele nasceu feio, mas fez plástica. Pouco importa, natural ou não, ele não precisaria pagar para ter mulheres se não tivesse alguns gostos pouco naturais, como dar fortes tapas num traseiro de mulher.

Mas eu dizia que a primeira surra foi por minha culpa. Pois é, eu era uma moça em meu primeiro emprego, criadinha bobinha na casa do patrão ricaço. Fui bem encomendada: minha mãe também é empregada doméstica, e adoeceu. Para se tratar, precisa de dinheiro. Para ganhar dinheiro, todos os meus irmãos foram trabalhar. A antiga patroa da minha mãe, até que é uma senhora boazinha, não é rica mas é amiga de algumas mulheres ricas. Ela me recomendou para uma amiga dela casada com o ricaço que gosta de surrar minha bunda. Se desse certo, eu ganharia um bom salário, ótimo para quem está no primeiro emprego.

Eu só tinha que me comportar e fazer o que me mandavam. Eles me pagavam bem, e não me tratavam mal. Por que, meu Deus, eu tinha que ser revoltada e gananciosa? Acho que isso é defeito de todo jovem. Sabem como é, eu trabalhava, eu ganhava o meu dinheiro, meus patrões me tratavam bem, mas tudo ia para o tratamento da minha mãe, eu nunca tinha nada para me divertir, puxa, eu trabalhava e nunca podia me divertir, isso era injusto, e eu achei que merecia mais, e merecia mesmo: a primeira surra que ele me deu na bunda. É, admito. Eu mereci.

E a primeira surra, como todas as outras, foi por causa do maldito do dinheiro.

É que o ricaço tem amigos ricaços. Ele gosta de farra, os amigos dele, é claro, também gostam. E eles gostam de exibir sua riqueza, também. Eles gostam de ir a restaurantes caros, a boates caras, a lugares da moda, e gostam de dar grandes gorjetas para os garçons, sempre com notas grandes. Dizem que ricos não andam com dinheiro no bolso, mas só com cartões de crédito. É meia verdade, quando eles querem se exibir eles andam com dinheiro no bolso. A primeira nota que peguei não foi roubada, foi achada. Foi perto do portão da garagem do ricaço, onde estavam estacionados os rolls royces, as mercedes, as limusines e os jaguares dos amigos ricaços do ricaço. Oh, gente fina! Eles nem notam quando perdem uma nota de 100 reais. Se notassem, provavelmente pensariam que deram para alguém de gorjeta.

Eu peguei, e quase urinei nas calças de tanto medo quando peguei. Será que não tinha ninguém olhando, será que eles não iriam reparar? Bem, ninguém falou nada, e coloquei a nota no bolso, e no fim-de-semana seguinte eu muito me diverti com minhas amigas depois de muito tempo. Ah, foi bom. E eu não tive culpa de nada. Achado não é roubado.

Mas não ficar contente com o achado é burrice.

Mas puxa, eu era jovem, quer dizer, eu sou jovem, mas naquele tempo eu era mais jovem ainda, e boba, e trabalhava e tudo era para cuidar da mamãe, nada para mim, e não era justo, eu não me divertir nem um momento com o dinheiro que eu ganhava porque nunca sobrava nada. Não, a vida não era justa comigo. E aí apareceu o bando de ricaços que nem notavam quando o dinheiro faltava na carteira deles... o que eles nem notavam para mim era um fim de semana na farra. E eu quis mais, ainda mais. E aí...

Aí um dia, eles votaram de mais uma farra gostosa e caíram bêbados no salão. Isso era comum. Muitas vezes, eu não podia lá entrar para trabalhar porque tinha gente dormindo no salão, embora eles não se incomodassem muito com o barulho, não sei que tipo de droga eles tomaram além de álcool e nem quero saber, mas o que quer que fosse era bom para se divertir e depois dormir e não acordar por horas, nem com o maior barulho do mundo. Por várias vezes eles tinham desmaiados na casa do ricaço depois de muita farra por aí, e por várias eu tinha resistido à tentação, mas naquele dia não deu. Entrei de mansinho no salão e peguei uma nota de cem da carteira de cada um deles, eram seis, roubei seiscentos reais. Para cair na farra, só isso, eu achava que merecia, eles nem iriam dar pela falta. Eles não acordaram, eu peguei o dinheiro e me diverti naquele fim de semana, me diverti demais, como nunca antes na minha vida, eu e minhas amigas... Ah, eu precisava...

E na segunda feira seguinte eu fui trabalhar. Ninguém falou nada. Meu roubo não foi notado, eu pensei, e estava errada. Mas na hora eu não percebi. E ninguém falou nada na terça feira. Nem na quarta feira. Aí, na quinta feira, o ricaço me chamou ao seu escritório. Lá estava ele: sério, em pé, bem vestido, um pouco careca, bigode grisalho, na meia idade mas ainda bonito. Não um homem feito para paixões arrebatadoras, mas para amar com delicadeza e paciência. E realmente ele falou comigo com delicadeza e depois agiu com muita paciência. Um homem inteligente e mau, ele.

- Oi, Ítala.
- Oi, doutor.
- Eu vou te contar algo que você não sabe. Temos câmaras internas nessa casa gravando tudo. E elas gravaram o que você fez na semana passada.

Eu congelei.

- Quanto você roubou, Ítala?
- 600 reais, senhor. Por favor, não chame a polícia, por favor...
- Não vou chamar, Ítala. Vou te castigar de outra maneira.

O ricaço pegou uma cadeira e veio com ela até mim. Então, ele se sentou ao meu lado e com um puxão me colocou de bruços no colo dele, aí levantou minha saia e eu só entendi o que ele queria dizer com “castigar de outra maneira” quando ele começou a abaixar minhas calcinhas.

- Não, doutor, por favor, não faça isso! – nossa, eu me lembro até hoje que antes que meu traseiro ficasse vermelho a minha cara ficou como um pimentão.
- Eu acho que seria pior se eu te demitisse e te levasse até a polícia com essas fitas – aí o ricaço se aproximou do meu ouvido e disse – se eu fizer isso, você perde o emprego, não arruma outro e ainda vai para a cadeia. Eu acho melhor umas palmadas.

Aí, o ricaço terminou de abaixar minhas calcinhas e mandou um forte tapa na minha bunda. Eu dei um gritinho e ele deu outro, na outra nádega. E depois mais outro, e outro, e outro...

SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK...
Ele parou, olhou para meu rabo que se avermelhava, e me perguntou:

- Você vai roubar de novo, Ítala?
- Não doutor, não.
- Acho bom!

Eu pensei que a surra terminaria aí, mas ele deu mais tapas na minha bunda: SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK...

Aí, os tapas doíam... e o sádico perguntou de novo:

- Você vai roubar de novo, Ítala?
- Não, não vou não.
- Acho bom!

E deu mais seis tapas no meu traseiro, três numa nádega, três na outra, todos fortes, todos rápidos: SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK...

E perguntou de novo:

- Você vai roubar de novo, Ítala?
- Não, não vou, pare de me dar essas palmadas, doutor!
- Ah, você acha que manda? Você acha que está em condição de mandar em alguma coisa? Você tem muito o que aprender, Ítala.

E me bateu na bunda de novo. Deu seis tapas rápidos e fortes: SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK...

Aí, eu pensei que ele ia me perguntar de novo e preparei uma resposta bem humilde, mas acho que ele quis me pegar de surpresa, porque em vez de perguntar deu mais doze tapas:

SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK

E só então ele me perguntou de novo:

- Você vai roubar de novo, Ítala?
- Não, não vou, eu juro que aprendi a lição, eu juro – uma lágrima rolava pelo meu rosto, só queria que ele parasse.

Mas ele não parou. Ele bateu de novo e perguntou. De novo, e perguntou de novo, e de novo os tapas e a pergunta, e de novo, de novo, de novo...

Eu não sei quantos tapas ele me deu exatamente, mas foram mais de 60. Só sei que minha bunda doía cada vez mais e eu chorava cada vez mais. E quando ele finalmente acabou, me colocou de pé e nada falou quando eu coloquei as calcinhas de volta. Quando o tecido das calcinhas encostou na minha bunda, ardeu tanto que eu pensei que minhas calcinhas eram feitas de ferro em brasa.

O ricaço então tirou da carteira seis notas de cem reais, o mesmo tanto que eu roubei naquele dia, e me deu. E ele disse:

- Pode ir para casa, Ítala. Mas se não voltar para trabalhar amanhã, eu irei à polícia.

Eu lavei o rosto para não dá bandeira que andei chorando e voltei para casa. Eu fiquei de pé no ônibus no caminho de volta, pois não conseguia sentar sem chorar. Não estava zangada, estava triste. “Eu mereci”, pensava, “eu roubei para me divertir com o dinheiro dos outros, eu mereci os tapas que ele me deu na bunda. Devia ser grata por ele não ter chamado a polícia, porque eu merecia cadeia, mas ele foi bom e só me deu uns tapas no traseiro e ainda me deu mais dinheiro”.

Eu era uma boba, achava que ele tinha sido bom. Achava que ele tinha me castigado para me disciplinar e não para seu prazer sádico. E eu achava justo o que ele me fez. Acho que seria justo, se fosse só aquela surra.

Mas não foi.

Um mês depois, ele me chamou para seu escritório. Eu fui, envergonhada, porque ainda me lembrava dos tapas que ele me deu e que ele viu minha bunda enquanto me batia, para mim isso era um grande motivo de vergonha, se dependesse de mim eu nunca mais apareceria lá, mas eu tinha que trabalhar e não teria outro emprego tão cedo, então continuei indo lá para trabalhar, e aí ele me chamou para se encontrar com ele no escritório e eu fui.

Quando entrei, ele me perguntou:

- Ítala, você gastou bem o dinheiro que eu te dei quando dei palmadas no seu bumbum?

Eu corei, e respondi:

- Eu... eu gastei para comprar remédios para minha mãe, doutor, e também me diverti um pouco, alguns dias depois...
- Gastou bem. Você gostaria de mais mil reais para gastar?
- Gostaria sim, doutor – respondi, intrigada. No que ele estava pensando?
- Muito bem, eu te darei mais palmadas no seu bumbum e depois mil reais.

Ele andou na minha direção, mas eu falei:

- Não, doutor, por favor, eu não fiz nada agora.
- Eu sei que você não fez nada. Mas você quer o dinheiro?
- Quero, mas não quero apanhar, por favor.
- Então, vamos fazer o seguinte: você terá um tempo para pensar e depois eu vou perguntar de novo.

Eu voltei para casa, pensando: “Ricaço filho da puta, ele sabe que estou com problemas em casa”. Ele devia saber. Minha mãe doente tinha dado uma piorada naqueles dias. Ela precisava de um remédio caro que tínhamos que encomendar no exterior. E pagamos, mas isso significava deixar de pagar água, luz e telefone por um bom tempo, e comendo só macarrão, ovo e banana por um mês. Mil reais resolveriam muita coisa...

Quando cheguei lá, minha mãe estava triste.

- O que foi, mamãe?
- Seu tio.

Meu tio sofria de gota, e deixou de comprar o remédio dele para emprestar o dinheiro para minha mãe. Agora, ele estava gemendo em casa, sem poder andar. E minha mãe estava triste por ele. Eu também fiquei, eu gostava do meu tio. Depois, meu irmão comentou que o sacrifício do meu tio não bastava, teríamos de ficar dois meses sem pagar as contas da casa, e não só um. Minha irmã e meu cunhado comentavam que tentariam convencer a concessionária a não tomarem o carro deles. As prestações estavam atrasadas e ficariam ainda mais.  Toda minha família estava cheia de problemas, mas mesmo assim todos se sacrificavam um pouco para ajudar a pagar o tratamento da minha mãe. Mas acho que o que decidiu mesmo foi pensar no meu pobre tio, com uma doença dolorosa, gota, e mesmo assim ele aceitou sofrer em seu canto para arrumar um pouco de dinheiro para minha mãe.

No dia seguinte, quando fui trabalhar, eu procurei o ricaço em seu escritório. Ele estava lendo um e-mail que tinha acabado de imprimir. (Porque ele não gosta de ler na tela do computador, prefere mandar imprimir – o que não falta é dinheiro para ele gastar o quanto quiser em tinta e papel). Logo que me viu ele percebeu que eu tinha aceitado sua proposta de apanhar por dinheiro.

- Oi, Ítala.
- Oi, doutor. Acho que o senhor sabe por que eu vim aqui.
- Sei. Espere só um minuto.

Ele se levantou, e foi até uma cadeira. Colocou a cadeira perto de mim, e eu fiquei esperando ele se sentar, me puxar e me deitar no colo para me bater, mas antes de se sentar ele pegou a carteira, tirou 15 notas de 100 reais e colocou na mesa, para eu contar, e contei 1500 reais. Daí, eu disse para o ricaço:

- Doutor, você só me prometeu mil reais.
- É, mas eu soube que você está com problemas. Eu resolvi ser generoso e aumentar a proposta.
- Muita bondade sua, doutor.

Ele então se sentou, e me puxou para cima de seu colo, me deitando de bruços. O ricaço levantou minha saia e abaixou minhas calcinhas, e alisou meu rabo um pouco antes de começar a me bater. Eu só pensava: “Não vou chorar, não vou. Vou agüentar firme”.

E eu não chorei. Eu fiquei vermelha de vergonha quando ele me arriou as calcinhas. Eu me arrepiei quando ele levantou a mão. Eu senti uma grande onda de dor quando ele me deu o primeiro tapa. Eu senti todo o meu corpo se esfriar quando ouvi o barulho do tapa, SMACK, quase que imediatamente junto com o sentimento da dor. Depois do primeiro tapa, ele olhou minha bunda branca, milha pele branca... ele devia está olhando o vermelhão que ele tinha acabado de provocar. Mas o vermelho não dura muito, para isso é preciso uma série de tapas, então ele recomeçou, com vontade: SMACK, SMACK, SMACK, SMACK, SMACK...

Ele ainda Mas eu não chorei. Eu mordi a língua, para tentar enganar a dor. Eu ouvi o barulho dos tapas, SMACK, SMACK, SMACK e SMACK, e pensava: não vou chorar, não vou, não vou. Eu senti seu membro endurecer dentro de suas calças, porque a surra o deixava excitado. Eu o odiei muito naquele momento, filho da puta, goza com a minha dor e minha humilhação... mas ainda assim não chorei. Não, ele não me paga para chorar, então não vou dar a ele esse trazer. Não. De jeito nenhum. Não vou chorar...

E mesmo depois de vários minutos de tapas na minha bunda... quantos? Acho que cinco ou seis. Na hora, me pareceram intermináveis... eu só queria que aquilo acabasse logo, e também conter minhas lágrimas. E eu me segurei. Apanhei, mas não chorei. Não, ele não viu minhas lágrimas. Que se contente em ver o meu rabo vermelho e inchado. Eu não vou chorar, não sou mulher de chorar, ele não me fará chorar. Não mais, nunca mais...

Mas enfim ele parou. Deixou minha bunda em brasa, e eu senti uma nova onda de dor me invadindo novamente quando o tecido da minha roupa tocou na pele da minha bunda. Claro que não poderia me sentar por vários dias, teria que ir de pé no ônibus até minha casa... Mas pelo menos a surra tinha acabado.

E eu não chorei.

Então, peguei o dinheiro e me preparei para voltar para casa. Ele me disse que eu estava dispensada de trabalhar no resto do dia. Mas ele também disse:

- Ítala, semana que vem tem mais.

E quando eu olhei assustada para ele, o ricaço sorriu e disse:

- A não ser que você não queira mais esse dinheiro.

Baixei os olhos, pus o dinheiro na bolsa e voltei para casa.

Quando cheguei, eu entreguei a minha mãe.

- Consegui mil e quinhentos, mamãe. Isso vai ter que ajudar.

Minha mãe me olhou com uma expressão estranha. Fiquei esperando ela perguntar como eu consegui o dinheiro. Mas ela não perguntou. Nem na hora, nem depois. Eu também nunca perguntei o que ela imagina que eu faço para conseguir esse dinheiro... Se um dia ela perguntar, eu vou mentir. Se tenho que apanhar na bunda para arrumar dinheiro para casa, que seja. Mas eu não tenho que contar para ninguém.

Bem, o dinheiro resolveu muita coisa. Meu tio não precisou deixar de comprar o remédio dele, nem minha mãe os dela. Podemos hoje comer bem e pagamos todas as contas. E isso porque... apenas porque...

Eu disse que não chorei naquele dia, não foi? Sim, realmente eu não chorei naquele dia. No dia da segunda surra. Chorei na primeira, quando eu apanhei porque mereci, mas não na segunda surra. Nem na terceira. Mas eu chorei na quarta.

Por que eu tinha aceitado levar mais uma surra por dinheiro. Mais mil e quinhentos para ajudar em casa. Na semana seguinte. E na outra também. E na outra... e quase todas as semanas, até agora. Só não quando o ricaço está viajando.

Então, eu apanhei de novo na semana seguinte, fiquei com a bunda toda inchada e vermelha, o ricaço ficou com o pinto duro e me deu mil e quinhentos. Sem chorar, eu apanhei uma terceira vez.

Mas na quarta vez... uma semana depois da terceira. E eu estava pensando como as surras agora seriam semanais... semanais... uma vez por semana. Toda semana, a mesma coisa, ele me bate, eu fico com o rabo todo machucado e recebo dinheiro... mil e quinhentos por semana... seis mil por mês.
E foi quando eu pensei que receberia seis mil por mês, quase todos os meses, eu chorei. Eu chorei alto, amargamente. Eu chorei porque eu percebi que nunca poderia dispensar aquele sacrifício, nunca poderia dizer que não quero mais tapas na minha bunda nunca poderia deixar de ficar com o rabo inchado toda semana. Porque eu nunca, nunca na vida, iria encontrar um emprego que pagasse seis mil reais por mês. Nem que eu estudasse e conseguisse um diploma, nem que eu passasse num concurso... só se eu ganhar numa loteria. Passei a jogar toda semana em alguma loteria, sabem cheguei perto de ganhar algumas vezes, mas ainda não ganhei. Então, toda semana na casa do ricaço...


E foi isso que me fez chorar na quarta surra que ele me deu. Eu saber que na outra semana eu teria que deixar ele me deitar no colo, levantar minha saia e encher minha bunda de tapas e mais tapas... até ficar toda vermelha. E isso é o melhor que eu poderia esperar na vida. E eu chorei, mas não por apanhar, não pela humilhação, e não porque eu não merecia. Eu apanhava mesmo porque eu merecia. Eu era uma fracassada. Eu sou uma fracassada. Só posso ganhar dinheiro me submetendo aos caprichos sádicos de um homem que odeio. Não vou ganhar o dinheiro que eu ganho de outra forma. Por isso, eu mereço mesmo apanhar. E foi porque eu percebi isso, na quarta surra, que eu chorei. E chorei muito.